Muito se fala sobre os estágios do luto, que envolvem negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Porém, eu prefiro utilizar outra analogia frente ao luto. Não acredito que nossos sentimentos caminhem de maneira tão sistemática e numa ordem pré-definida. A “montanha russa no escuro” talvez seja o exemplo que melhor definirá o momento, pois temos dias melhores e outros piores, mas tudo vivido com bastante intensidade. Hora nos sentimos bem e minutos mais tarde nos vemos no fundo do poço novamente. Idas e vindas de sentimentos, mas que, com o passar do tempo, acabam tornando esta aventura menos aterrorizante e intensa.
As pessoas podem não entender que em um momento você estava bem e, em seguida, sem explicação, parece estar tão mal. Uma música, um cheiro, uma lembrança ou uma data comemorativa já será motivo forte o suficiente para você mergulhar nas profundezas da dor.
Falar de morte é falar de vida. Pois é, são antagônicos, porém complementares. Seja na certeza de que iremos morrer, ou seja na transformação que ocorre em nosso interior ao pensar nas nossas perdas ou na nossa própria finitude.
Como sempre aconselhamos, caso você perceba que a dificuldade está muito grande ou sente que não pode dar conta dos problemas sozinho, procure ajuda profissional.
Dividir com a família, com os amigos, ou mesmo procurar uma leitura apropriada podem ser ótimos começos, mas a ajuda profissional de psicólogos e demais profissionais da saúde poderá ser bastante benéfica neste sentido. Os grupos de apoio às perdas ou luto ajudam muito para ter um acolhimento e também tentar entender o que aconteceu, buscando justamente dividir e escutar do próximo um assunto que muitas vezes é velado em nossa sociedade.
Lembre-se: há várias formas de se perder algo. Pode ser uma dificuldade na vida, uma doença, uma crise financeira grave ou o próprio envelhecimento. Tudo isso é sempre uma oportunidade de um novo conhecimento sobre si próprio, um convite para avaliarmos a nossa vida.
Saiba que você não está sozinho. Muitas pessoas já passaram ou estão passando por uma situação muito semelhante à sua. Conviva com os seus próprios medos e sentimentos. Não há problema algum em sentir medo ou tristeza; estes são sentimentos que fazem parte da nossa natureza.
Busque um sentido para as perdas. Conseguir olhar para dentro e para frente é significativo. É muito importante conseguir olhar para o “depois desta vida”, imaginar e crer numa vida futura depois desta. Este é o desafio, uma oportunidade! Lembre-se: sem qualquer fé numa vida futura, a maioria das pessoas vive toda a existência sem sentido. A morte não pode ser encarada apenas como perda ou derrota. Do ponto de vista espiritual é uma oportunidade preciosa de aprendizado e reflexão. E aceitar a perda é o primeiro passo para uma significativa transformação interna.